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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

DEPRESSÃO: QUANDO O DEMÔNIO NÃO É TÃO FEIO ASSIM

DEPRESSÃO: QUANDO O DEMÔNIO NÃO É TÃO FEIO ASSIM

“Com depressão, você não pensa que pôs um véu cinza e vê o mundo através da névoa do mau humor. Pensa que retiraram o véu da felicidade, e que agora você vê de verdade" – diz Andrew Solomon, em “O demônio do meio-dia”. O que ninguém fala, pois dessa doença não se fala – é o que o feio demônio pode revelar sobre nós. Ele nos recorda que somos frágeis, humanos. Nos obriga a sair da roda de hamster de produção e consumo e repensar no que realmente desejamos. E pode trazer à tona recursos internos submersos – e preciosos.

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A depressão é o segredo de toda família – Andrew Solomon diz, em O demônio do meio-dia. Ninguém quer falar sobre o tema – ou, quando falam ou escrevem, geralmente é com uma aura de romantização, que só dificulta o entendimento deste distúrbio mental sério, que pode levar à morte.

Sim, à morte. Ao suicídio – outro tabu: parece que, ao sair da nossa boca, essa palavra contamina todo o ar, gerando uma epidemia de “negatividade”, para os mais esotéricos, ou de “problemas”, para os mais pragmáticos.

Nesse mundo de relações líquidas, trabalhos alienantes e uma cobrança crescente pela produtividade e sucesso em todas as esferas – familiar, profissional, social e até corporal– não conseguir funcionar é quase uma afronta. Uma rebelião. E isso incomoda quem está funcionando direitinho no esquema montado e por isso não quer pensar, não quer se questionar. Afinal, vai que todo o castelo de cartas da autoimagem de sucesso desmorone?

Dá para entender porque o deprimido afasta tanta gente. Afinal, ele já quer ficar sozinho mesmo – já entendeu que não há nada nem ninguém do lado de fora que possa mudar o que ele sente por dentro. Não tem muito a partilhar com os amigos – ou então, tem coisas DEMAIS a partilhar. Coisas que incomodam.

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Incomodam e pesam no outro – seja pela sensação de impotência e frustração por não conseguir “consertar” o problema (leia-se, a pessoa), seja por ser assustador, ou, no fundo, por ser um convite sutil a parar e refletir sobre a própria vida, sobre as próprias escolhas. O que, convenhamos, não é todo mundo que tem tempo (ou coragem) para encarar.

Por isso, se você não consegue ter empatia, se tem medo de ouvir e falta de paciência para decifrar o que o deprimido tenta balbuciar, tudo bem – é o seu direito. Mas o mínimo que alguém que mergulha em alto mar bravio e escuro, sem âncoras ou faróis merece, de todos nós – da sociedade como um todo – é respeito. Eu diria também amor e compaixão, mas nem todos têm disponibilidade para oferecer isso.

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Infelizmente. Porque ouvir o relato de quem enfrenta esse demônio interno não significa, necessariamente, ser tragado junto para o abismo. Estar ao lado de quem enfrenta essa batalha pode ser um grande aprendizado e crescimento – ampliando nossa compreensão sobre o que é realmente importante na nossa vida. Nos ajudando a sair do piloto automático no qual somos só mais um parafuso na engrenagem desse mundo – e nos fazendo priorizar o que é essencial para sermos felizes.

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CRISTINA PARGA

Autora de "Furta-cores" (2012, 7Letras, contos) e "Qualquer areia é terra firme" (7Letras, romance) - lançamento dia 14 de outubro na Travessa de Ipanema. Mestranda em Letras, assistente editorial, escritora, redatora, jornalista e insone. Living on coffee and flowers..
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Fonte = © obvious: http://obviousmag.org/um_pais_possivel/2015/09/depressao-o-demonio-pode-nao-ser-tao-feio-assim.html#ixzz3nkGSd7LM
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