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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Dímer do amor eterno

SÁBADO, 5 DE NOVEMBRO DE 2011, 08H06

Dímer do amor eterno

José Luiz Teixeira
De São Paulo
Fiquei surpreso, esta semana, ao ver na televisão que são registradas três mil invenções por ano no Brasil.
As novidades vão de um leitor de dinheiro para cegos a uma pequena mão de madeira que através de cordões se movimenta mecanicamente para coçar as costas.
Algumas delas não merecem maior atenção; outras, entretanto, seriam bem úteis para mim - como um cortador de unhas com lupa.
Confesso que, com a idade, já sinto um pouco de dificuldade para aparar as unhas dos pés.
Elas distam dos meus olhos nem tão perto que eu possa enxergar bem sem óculos, nem tão longe que eu possa enxergar bem com óculos.
Ficam num ponto em que me obrigam a abaixar muito a cabeça ou a dobrar demasiadamente a perna.
São posições parecidas com movimentos de ioga que, naturalmente, não consigo realizar, pois exigem um alongamento digno dos bailarinos do Bolshoi.
Portanto, tão logo esteja à venda, vou comprar essa traquitana, que já está na minha lista de primeiras necessidades.
São muitas as criações dos nossos professores pardais, sem as quais, obviamente, continuaríamos vivendo muito bem obrigado (não estou falando aqui de coisas sérias, como a penicilina e o desodorante).
Eu mesmo, além de médico e louco, também tenho um pouco de inventor entre minhas inúteis habilidades.
Uma invenção que pretendo apresentar a algum fabricante é a do "dímer do amor eterno" (para quem não sabe, "dímer" é aquele dispositivo usado para controlar a luminosidade de uma lâmpada).
Esse genial aparelhinho, a ser instalado nos quartos de casal, viria com graduações marcando os anos de casamento dos cônjuges.
Assim, à medida que o tempo passasse, seria ajustado para baixar a luz mais um pouquinho, de forma que marido e mulher enxergassem cada vez menos o corpo de um e outro.
Aos cinco anos de casado, tudo claro; aos 10, meia-luz; aos 25, apenas uma penumbra; aos 50, escuridão total.
Não notaríamos rugas, dobrinhas, papadas e outras crueldades que a natureza faz conosco à medida que o tempo passa; e quem sabe, poderíamos continuar desejando nossos parceiros por mais tempo que o normal.
Preciso registrar logo essa patente antes que alguém roube a ideia.
José Luiz Teixeira é jornalista. Formado pela Faculdade Cásper Líbero, trabalhou em diversos órgãos de imprensa, entre os quais as rádios Gazeta, Tupi e BBC de Londres, e os jornais O Globo, Folha de S.Paulo e Folha da Tarde.
Fale com José Luiz Teixeira: jl.teixeira@terra.com.br
Opiniões expressas aqui são de exclusiva responsabilidade do autor e não necessariamente estão de acordo com os parâmetros editoriais de Terra Magazine.



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